Concordo plenamente com você. Que história é essa de letra cursiva? Absurdo exigir algo assim em tempos de democracia com respeito à letra a ser usada em textos formais!!! As avaliações precisam ser revistas sim para dar conta de conhecimento não-formal também.
Se quiser, vou pessoalmente falar com essa professora!
Grande abraço e beijo no Gugu, meu sobrinho fofo, lindo e inteligente!
Dioney
----- Original Message -----From: Ricardo TadeuTo: DioneySent: Sunday, June 29, 2008 4:28 PMSubject: Re: Fw: Síndrome atinge 15% dos professores
Pois é véi!
E com as metas do governo com essas provas desgraçadas que ele aplica para a educação fundamental a coisa fica cada vez pior. A secretaria de educação pressiona os diretores pela meta a conquistar na próxima avaliação. O diretor pressiona o professor. E este tenta fazer mágica pressionando os alunos para obter mais e mais notas em prova.
Um exemplo, na primeira série não existe prova. O Gustavo não faz prova. Mas, na segunda série já existe a tal da Provinha Brasil. E o pior. Segundo a professora, a letra cursiva é exigida! Assim, eles já estão sendo preparados na primeira série a entrar no mundo tecnicista das provas. Eles fazem alguns simulados de prova. E a professora exige caderno de caligrafia para a criança praticar em casa. Ela passa a responsabilidade para os pais. Nós já falamos pra ela que não temos o menor interesse em ensinar letra cursiva ao Gustavo. Apenas é interessante do ponto de vista motor e do fato de conhecer uma nova grafia. Mas isso não justifica a pressa. Mas ela está com pressa. A Provinha Brasil irá avaliar a escola. O diretor pressiona, ela pressiona. Ela vai explodir, as crianças vão explodir. Se não fosse essa merda de prova, o Gustavo poderia estar estudando coisas mais úteis no horário da caligrafia, como inglês ou astronomia. Não vejo o menor fundamento para provas na educação inicial. As provas deveriam começar a aparecer mais tarde, por volta da sexta série. Mas se o governo utiliza prova em suas avaliações de 1ª a 4ª série, pois é mais barato (poderia pagar observadores que acompanhariam as turmas durante alguns meses), vamos fazer o que? E o professor vai continuar explodindo. Tem aluno que sabe um quilo de coisas mais ainda não sabe ler direito. Isso na quarta série. Assim, a prova o avalia com pouco desempenho, já que ele não entende o enunciado das provas. Às vezes, o enunciado não se faz inteligível na língua própria dele. Esse é outro problema. Mas o moleque solta pipa e constrói carrinho de rolimã. Então ele conhece um monte de coisa de fĩsica sem saber. Claro que nem tudo no MEC é merda. Muito das metas abusivas que existiam lá nos tempos de FHC foram abolidas e passaram a entrar outros programas, inclusive de orientação para professores. Mas as provas continuam e com letra cursiva!? Será que essa professora está certa?
[]s
RicardoFONTE: www.unb.br (acesso:18/06/08)
Síndrome atinge 15% dos professores
Pesquisa da UnB com 8,7 mil docentes revela alta incidência
de burnout, que pode comprometer ensinoUma pesquisa feita com mais de 8 mil professores da educação básica da rede pública na região Centro-Oeste do Brasil revelou que 15,7% dos entrevistados apresentam a síndrome de burnout, que reflete intenso sofrimento causado por estresse laboral crônico. A enfermidade acomete principalmente profissionais idealistas e com altas expectativas em relação aos resultados do seu trabalho. Na impossibilidade de alcançá-los, acabam decepcionados consigo mesmos e com a carreira.
O estudo confirma a vulnerabilidade do docente à síndrome, pois o excesso de exigências auto-impostas, associadas a condições precárias de trabalho, bem como à falta de retribuição afetiva, expõem o profissional a um desgaste permanente. Assim, a tensão gerada entre o desejo de realizar um trabalho idealizado e a impossibilidade de concretizá-lo acaba por levar o profissional a um estado de desistência simbólica do ofício.
Essa condição, mostrada em pesquisas anteriores, é confirmada por um estudo realizado pela psicóloga Nádia Maria Beserra Leite. Ela analisou 8.744 questionários, respondidos por professores de ensino fundamental e médio, como parte do seu mestrado no Instituto de psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB), sob orientação do professor Wanderley Codo.
Nádia é cautelosa quanto à generalização dos resultados, mas considera os dados preocupantes. "Obter 15,7% num universo de 8 mil não é desprezível", afirma. Caso o índice seja o mesmo em todo o País, por exemplo, então mais de 300 mil professores brasileiros convivem com a síndrome, isso somente no ensino básico. Entre outras conseqüências, tal cenário levaria a um sério comprometimento na educação de milhões de alunos.
Os dados vieram à tona com informações obtidas por um questionário que permite identificar a incidência dos três sintomas que caracterizam a síndrome: exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização. Com relação ao primeiro sintoma, 29,8% dos professores pesquisados apresentaram exaustão emocional em nível considerado crítico. Quanto à baixa realização profissional, a incidência foi de 31,2%, enquanto 14% evidenciaram altos níveis de despersonalização.
SUSCETIBILIDADE – A síndrome de burnout pode afetar qualquer profissional. Porém, é mais comum em pessoas que desenvolvem atividades de constante contato humano, principalmente aquelas que favorecem o envolvimento emocional. Nesse grupo estão, por exemplo, médicos, enfermeiros e professores, profissões que lidam com ideais ambiciosos e situações que nem sempre podem ser resolvidas por eles próprios, seja manter alguém vivo ou promover transformações sociais.
Os problemas surgem à medida que esses objetivos não se concretizam. "É como aquela professora que pensa em contribuir para mudar a vida dos estudantes, muitas vezes reproduzindo a dedicação que teria com os próprios filhos, mas não se sente retribuída", explica Nádia. Também se enquadra nesse perfil o professor que espera dos alunos um ótimo aprendizado do conteúdo por ele transmitido em sala de aula. Esforça-se para isso e o eventual desinteresse ou baixo rendimento dos alunos é percebido por ele como um fracasso pessoal. "Então, vem o desânimo e o cansaço", diz a pesquisadora.
SINTOMAS – De acordo com Nádia, o primeiro sinal de instalação da síndrome é a exaustão emocional. Afetivamente, significa que o docente não consegue mais se doar. "Ele percebe o esgotamento da energia e dos recursos emocionais." Quando não consegue lidar com essa sensação, desenvolve mecanismos reativos. Como alternativa ao sofrimento, acaba por se distanciar emocionalmente, tanto do seu trabalho quanto do próprio aluno. O distanciamento do trabalho, ou baixa realização profissional, caracteriza-se pela falta de envolvimento pessoal e pela indiferença aos assuntos da sua profissão, além de uma assumida sensação de ineficácia contra a qual não tem ânimo para lutar. O distanciamento do aluno, ou despersonalização, aparece na forma de endurecimento afetivo e falta de empatia.
Para a pesquisadora, a despersonalização é a face mais perversa do burnout, pois afeta justamente aquele que deveria ser objeto de atenção e cuidado. Nádia exemplifica a situação citando docentes que se referem às turmas como "aqueles pestinhas", ou que, na hora do cafezinho, tudo o que conseguem fazer é reclamar dos alunos. Qualquer referência aos estudantes será sempre negativa.
CONSEQUENCIAS – De acordo com a psicóloga, estudos vêm mostrando que professores com o problema tendem a adoecer mais, faltar ao trabalho e se tornar menos criativos. Em sala de aula, há grandes chances de piorar a relação professor-aluno. Uma relação de hostilidade entre os dois lados acabará comprometendo a aprendizagem.
Segundo Nádia, a presença do burnout em professores da educação básica levanta preocupações. "Esse período escolar acompanha uma fase essencial da formação do indivíduo. É quando a relação aluno-professor é mais necessária para a aprendizagem e o desenvolvimento integral do educando", afirma. Já os estudantes universitários são mais independentes da figura do docente.
APOIO – O estudo analisou formas de minimizar a síndrome e descobriu ser fundamental o companheirismo e a cooperação no ambiente de trabalho. Os professores que disseram ter apoio dos demais docentes apresentaram os menores níveis de exaustão emocional, despersonalização e de baixa realização profissional. A freqüência de exaustão entre indivíduos sem suporte é quase o dobro da verificada em professores que percebem estar apoiados pelos seus pares. Quanto à despersonalização e à realização profissional reduzida, os dados seguem a mesma tendência: a incidência desses sintomas é três vezes maior entre os docentes que não se sentem apoiados pelos colegas.
SOLUÇÕES – Segundo Nádia, os resultados do estudo serão úteis em estratégias de enfrentamento da síndrome. Ela considera que medidas simples podem contribuir para minimizar o sofrimento. "O mérito desse trabalho é ter mostrado, de forma científica, que é muito mais difícil enfrentar de forma solitária os estressores que levam a burnout", diz a psicóloga. "Encontramos evidências de que o suporte social no trabalho, que favoreça a construção coletiva de estratégias de enfrentamento dos problemas típicos da profissão, é uma maneira efetiva de reduzir as estatísticas da síndrome."
Nádia afirma, ainda, que esse recurso tem o mérito de ser acessível aos professores, pois depende da vontade do grupo. Atividades que estimulem a aproximação entre professores podem contribuir para evitar a tendência a expectativas profissionais inalcançáveis, substituindo-as por metas realistas e discutidas coletivamente. Mesmo a ausência de condições de trabalho adequadas pode ser minimizada pela busca em grupo de soluções criativas, deixando de ser apenas uma queixa isolada. "É muito importante a sensação de ser acolhido por pessoas que enfrentam os mesmos problemas, seja na busca por mudanças ou para conviver com o que é impossível mudar", diz.
Família potencializa síndrome O eterno conflito entre trabalho e família é o principal elemento para desencadear a síndrome, revela a pesquisa. Isso acontece quando o professor se dedica mais do que poderia para a escola, reduzindo o tempo destinado à esposa (ou marido) e filhos, ou vice-versa. Do total de entrevistados com exaustão emocional alta, 74% indicaram vivenciar problemas para conciliar o tempo e a atenção que dedicam a essas duas instâncias tão importantes da sua vida.
Nádia destaca que esse resultado é uma indicação de quanto o trabalho docente tende a invadir o tempo que deveria ser dedicado ao lazer e aos cuidados com a família. Da maneira como o trabalho está estruturado na maioria das instituições, não há tempo, dentro da carga horária prevista, para que sejam realizadas atividades como preparar aulas, pesquisar materiais, bem como corrigir provas e trabalhos, tarefas que são levadas pra casa. Quando não consegue equacionar o problema, o professor passa a ser submetido a uma pressão em seu ambiente doméstico. Assim, já fragilizado pelos problemas que enfrenta no trabalho, fica mais exposto aos efeitos que levam a burnout.
CONTATO
Nádia Maria Beserra Leite pelo telefone 3447 5446 (empresa) e e-mail nadia@cpd.com.br.
2 comentários:
Querido, essa é uma reflexão urgente e necessária. O mais interessante é que o Ricardo tem toda razão, sobretudo porque o problema toca diretamente a ele: ter um filho na escola!
Olhar para o sistema e para os profissionais que educam nossos filhos requer atenção e um pouco de paciência, às vezes.
Meu otimismo inerente diz que nossos netos terão dias melhores. Oxalá!
Beijocas
Pois é, Pat! Paciência e atenção redobrada é o que precisamos ter com a escola dos dias de hoje. Também espero que nossos netos tenham uma Educação decente!
Beijos.
Postar um comentário