quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Equilíbrio distante

Hoje, a Lia defendeu: Eugênia Magnólia da Silva Fernandes. A minha primeira orientanda, a primeira mestra sob minha guarda... Que felicidade, que alegria, que sentimento de dever cumprido... Trabalho aplaudido, aprovado com louvor, pronto para publicação. Saí da UnB em direção ao Sebinho, lugar que me viu crescer academicamente, onde comprei inúmeros livros. Mas hoje não fui comprar livros. Fui almoçar em um ambiente que não conhecia bem, só de ouvir falar... Me sentei na mesa 09, meu número preferido. Pedi uma água com gás, uma taça de vinho tinto seco e um salmão... Que prato delicioso (não tanto como outros que já comi antes), um arroz com coco e castanha, um salmão coberto com gergelim... Mas não foi isso que mais me impressionou no Sebinho não. Enquanto esperava o prato, pousou em minha mesa uma borboletinha: um menino de olhos grandes, pele morena com as mãos cheias de gibis. Não me pediu licença e nem fez cerimônia. Amei a atitude dele. Simplesmente, pousou em minha mesa. Obviamente, comecei com as perguntas:

- Qual o teu nome?

- Jones.

- Quantos anos?

- 08.

- Cadê sua mãe?

- Tá ali, do outro lado da rua.

- Onde?

- Ali, naquele salão.

- O que ela faz?

- Massagem.

Pausa: a borboletinha se levantou e foi outros gibis. Voltou com um volume muito maior de livrinhos da alegria.

- Como chama o teu pai.

- Jones também.

- Ah. Cadê ele?

- Tá na fazenda.

- Você vê ele sempre?

- Não. Só às vezes.

Silêncio...

Meu prato chegou. Ele sorriu, se levantou e voou para o outro lado da rua.

Opa, hora de voltar pra UnB. Vou aplicar prova extra e dar orientação...

p.s.: Enquanto escrevia este texto real, ouvia o cd do Renato Russo: "Equilíbrio distante"...

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